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Mega estréia "Diários de uma Aventura", Primeiro Capítulo


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Diários de uma aventura

Capítulo 1 – Aquele escolhido pelos céus



Baristeu, filho de serafins, nascido da nova leva de anjos, sofria sempre ao olhar o mundo do topo do monte Cremera, também chamado de lar por ele pois era sua casa. No monte Cremera existiam 4 coisas: Baristeu, uma fonte de água límpida e duas árvores.
Começando pelo anjo, seu cabelo loiro era longo, perfeito e voava como uma ave seguindo o vento, ainda que preso ao serafim. Esse vestia apenas um manto vermelho inteiriço, que dava uma volta em sua cintura e depois subia da esquerda do abdômen até o ombro direito e então volta a cintura, cobrindo boa parte do peito e até a metade das coxas.
As asas de puro branco estavam recolhidas, rentes às costas, pois esse estava sentado observando a fonte, que de tão pura lhe mostrava o mundo inteiro. Asas de puro branco que contrastavam com a pele levemente rosada do anjo.
Já quanto às duas árvores, eram carvalhos enormes, sempre deixando suas folhas laranjadas caírem em direção ao solo, uma queda infinita e parada onde as pequenas iam de um lado para o outro sem nenhuma pressa. E haviam tantas dessas no chão que esse era repleto das mesmas e por isso era fofo.
Baristeu não usava sandálias, pois em sua casa nunca precisou proteger os pés. Baristeu não portava espadas como os outros serafins, pois não fora criado para o combate, nunca sequer levantou o punho para alguém. O filho de serafins tinha uma tranquilidade infinita, diferente dos pais, e passava o tempo à contemplar a vida que o Deus supremo havia criado.
Apesar de ser um anjo, ele não amava nem odiava a criação, ele apenas a admirava, pois não tinha coragem de dizer que o ser perfeito criara aquelas imperfeições, afinal, todo humano era a imagem e semelhança de Deus.
E Baristeu era descontente, sempre vigiando a vida de 4 pessoas em específico. Odiava ver elas errarem, pois eram jovens. Odiava ver elas se acharem donas da razão, pois eram ignorantes. Odiava ver o mundo abusando delas, pois eram inocentes.
Ali, em cima do monte Cremera, era sempre fim de outono. Nem muito frio, nem muito quente, apenas agradável. Um lugar bonito e simples de se morar.
O serafim escolhera ficar ali por que seus irmãos divinos não o entendiam muito bem e ele não era exatamente popular com as castas mais baixas. Seus próprios pais não iam muito ao seu encontro por que o anjo vivia perdido em seus pensamentos. Pensamentos esses longínquos da realidade dos céus, que se preparava para um apocalipse sempre eminente.
A realidade do anjo se baseava em tentar achar uma solução para aquelas 4 pessoas, mas como não podia tocar aquelas vidas, de que jeito poderia fazer algo? Era como tentar fazer uma sopa apenas com a imaginação.
Certo dia, Metatron, seu pai, o visitou. Metatron era o príncipe dos serafins, porta-voz divino e também conhecido por ser o mediador entre Deus e a humanidade, e por isso seu filho o chamou.
Metatron era um anjo de aparência velha, barba cinzenta e cabelo grisalho, que já ia de encontro ao pescoço. Sendo o mais alto dos divinos, ele possuía quase cinco metros de altura, e nas costas, 6 asas divididas em 3 pares. Asas douradas de penas metálicas. Vestia um roupão branco, amarrado por uma corda na cintura para ficar firme. A pele era toda cobre, de anjo já experiente.
Metatron, sempre que chegava a casa de seu filho, deitava suas duas espadas no chão. A Voz Sagrada e a Punição Divina. A primeira deveria ter sido de Baristeu, mas esse a negou no ato do nascimento, e seu pai a ganhou por direito.
- Pai... obrigado por vir – começou meio sem jeito o anfitrião, com sua voz suave e até doce.
- Tive curiosidade em saber o que meu filho tem pressa em saber, você nunca demonstrou interesse por nada, Baristeu... digo, nada além de olhar a humanidade.
O filho de serafins sempre ficava incomodado pelo tom duro da voz do próprio pai, uma voz trovejante e alta. Mas aquele detalhe não o faria perder a compostura e esquecer o que queria questionar.
- Pai, você é o porta-voz entre Deus e os homens, não é mesmo?
- Eu guiei todos os povos no início dos tempos, mas isso há muitos anos atrás, milhares até, já não me intrometo mais em assuntos mundanos...
- Ainda assim você interveio nas vidas dos homens, certo? – um tom de esperança começava a nascer na voz de Baristeu.
- Onde quer chegar com isso filho? – preocupação era tudo que vinha a mente de Metatron.
- Sabe que dia após dia, por incontáveis horas, eu acompanho os humanos, vejo o quanto eles estão sofrendo, e mais que tudo, eu me tornei próximo de 4 deles...
- Filho, você é o contemplador da humanidade, você recebeu a oportunidade de olhar por todos os homens e apreciar os dons e defeitos de cada um, talvez por isso acabe se envolvendo com as histórias...
- Pai, eu quero fazer algo por essas pessoas. Eu já vi tantos morrerem por nada, com vidas desperdiçadas, não quero deixar o mesmo acontecer com esses jovens.
- Não é tão fácil assim, Baristeu, e como dizem, Deus sabe o que faz, ele é o dono de uma inteligência inigualável, é o criador do céu e da terra, que desenhou a mão as estrelas e toda sorte de vida.
- Mas deixar as crias de seu ventre sofrerem dessa maneira não é do feitio de quem se diz bondoso, pai! – exaltou-se um pouco o anjo, que apesar de ser da nova geração, fazia mais de duzentos anos que acompanhava as guerras humanas. Nada daquilo parecia de fato justo.
- Baristeu, o caminho dos homens foi escrito por eles próprios. Deus deu à eles o livre arbítrio para que vivessem plenamente e, infelizmente, eles não souberam aproveitar a bondade do supremo...
- Nem por isso precisamos esperar que o apocalipse seja a única solução! – o anfitrião do monte Cremera não estava satisfeito com a conversa, pela primeira vez seu pai estava o decepcionando com as respostas – Você não pode ao menos intervir junto à Deus e pedir uma chance para minha descida?
- Filho – começou novamente Metatron, farfalhando leve as 6 asas e abusando de sua calma paterna – infelizmente não é assim que as coisas funcionam, o Altíssimo está sempre ocupado com seus assuntos superiores à nossos entendimentos. Se for da necessidade dele que você descenda ao plano dos homens, assim será feito, senão sua missão é apenas contemplar a criação.
- Mas de que adianta contemplar toda essa obra magnifica se eu não posso ajudar a aprimorá-la? Eu não entendo isso, por que Deus me criou com um objetivo tão vago quanto esse?
- Talvez por você ser o mais pacifico dos anjos, Baristeu, você não é um lutador, você não faz parte de nenhum grupo, está sempre distante dos assuntos divinos. Filho, sua habilidade de contemplar os homens e viver tão perto deles o torna o mais sábio dos nossos, pois você tem a voz que pode iniciar o fim dos tempos. Acredite ou não, se um dia você disser que os humanos não são dignos de possuírem vida, metade do céu irá até a terra já prontos para o extermínio. Todos andam esperando que você proclame algo e saia da neutralidade há anos.
- Mas pai, eu não sou capaz de entender os humanos, e ainda assim quero ajuda-los, e peço pouco pois só quero auxiliar na vida de 4 apenas. Por que o senhor não pode colaborar comigo?
- Nada vai tirar isso da sua cabeça, não é mesmo, Baristeu? – o pai entristeceu de leve.
- Eu não queria decepcioná-lo, pai, mas se tudo que os anjos esperam é o meu posicionamento, interceda junto do criador por minha ida à terra.
- Viver lá não é uma solução, Baristeu, não terá seus poderes divinos, será mais fraco que os humanos, não poderá voar e sofrerá tudo que os humanos sofrem...
- Mas eu não me importo com essas coisas, nem aqui nos céus eu tenho poderes, eu sou o anjo desprovido de força e, ainda assim, quero ajudar aqueles 4. É só isso que lhe peço pai.
As palavras finais cortaram o peito de Metatron, que nunca antes recebera sequer um pedido do filho. Esse se levantou com o rosto triste e antes que a situação se torna-se pior, se limitou a falar.
- Filho, não quero lhe encher de esperança a toa, mas verei sobre o assunto. Está bom assim para você?
O anfitrião do monte Cremera sorriu de orelha à orelha, e foi uma resposta mais que suficiente para o velho príncipe dos Serafins, que bateu forte todas as asas e desapareceu por detrás de um dos carvalhos...

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